By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Divulgação
O prefeito do Rio, Marcelo Crivella (Republicanos), foi preso na manhã desta terça-feira (22) em uma ação conjunta entre a Polícia Civil e o Ministério Público do RJ.
A investigação aponta a existência de um "QG da Propina" na Prefeitura do Rio. No esquema, de acordo com as apurações do MP, empresários pagavam para ter acesso a contratos e para receber valores que eram devidos pela gestão municipal.
A desembargadora Rosa Helena Penna Macedo Guita, que autorizou a prisão, afirmou que Crivella comanda uma organização criminosa que atuava na prefeitura. Ela determinou o afastamento
do prefeito, que encerraria o mandato daqui a nove dias.
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Quem assume
interinamente é o vereador Jorge Felippe (DEM), presidente da Câmara
Municipal. Eduardo Paes toma posse em 1º de janeiro.
Além de Crivella, foram presos:
- Rafael Alves, empresário apontado como operador do esquema;
- Fernando Moraes, delegado aposentado;
- Mauro Macedo, ex-tesoureiro da campanha de Crivella;
- Adenor Gonçalves dos Santos, empresário;
- e Cristiano Stockler Campos, empresário.
Também alvo da operação, o ex-senador Eduardo Lopes não
foi encontrado em sua casa no Rio porque estaria em Belém. Lopes herdou
mandato de Crivella no Senado e foi secretário de Pecuária, Pesca e
Abastecimento do governador afastado Wilson Witzel.
Todos os alvos da operação foram denunciados pelo MP pelos crimes de
organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e corrupção
passiva.
Os presos deveriam passar por uma audiência de custódia
às 15h, no Tribunal de Justiça, para que a legalidade do procedimento
seja avaliada, conforme determinou o ministro do Supremo Tribunal
Federal (STF) Edson Fachin.
O delegado aposentado Fernando Moraes está com sintomas de Covid-19 e,
por isso, não foi levado à Delegacia Fazendária como os outros presos.
Ele foi para a Polinter, também na Cidade da Polícia. Pego de pijamas
Crivella foi preso em casa, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, por
volta das 6h. Ele foi levado diretamente à Cidade da Polícia, na Zona
Norte. Antes de entrar na Delegacia Fazendária, ele disse que foi o prefeito que mais combateu a corrupção e que espera por "justiça".
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"Lutei contra o pedágio ilegal, tirei recursos do carnaval, negociei o
VLT, fui o governo que mais atuou contra a corrupção no Rio de Janeiro",
disse Crivella. Questionado sobre sua expectativa a partir de sua
prisão, o prefeito se restringiu a responder: “Justiça”.
Ao chegar à Delegacia Fazendária, o advogado de defesa Alberto Sampaio
disse que Crivella ficou surpreso com a prisão e foi pego ainda de
pijamas em casa, já que tinha acabado de acordar. O advogado, no
entanto, não quis gravar entrevista com a imprensa.
A prisão de Crivella acontece 9 dias antes de terminar o seu mandato. Como o vice-prefeito dele, Fernando McDowell, morreu em maio de 2018, quem assume a prefeitura enquanto o prefeito estiver preso é o presidente da Câmara de Vereadores, Jorge Felippe (DEM).
'QG da Propina'
A ação é um desdobramento da Operação Hades, que foi deflagrada em março e investiga um suposto QG da Propina na Prefeitura do Rio.
As investigações, iniciadas no ano passado, partiram da colaboração premiada do doleiro Sérgio Mizrahy. Ele foi preso na Operação Câmbio, Desligo, um desdobramento da Lava Jato no Rio.
No depoimento, Mizrahy chama um escritório da prefeitura de “QG da Propina” e diz que o operador do esquema era Rafael Alves.
Rafael não possui cargo na prefeitura, mas tornou-se um dos homens de
confiança de Crivella por ajudá-lo a viabilizar a doação de recursos na
campanha de 2016.
Depois da eleição, o empresário colocou o irmão Marcelo Alves na Riotur e, segundo o doleiro, montou um QG da Propina”.
Na decisão que acarretou na prisão dos denunciados, a desembargadora
diz que a troca de vantagens e o recebimento de propinas por parte dos
membros do citado grupo criminoso se estendeu pelas mais variadas
pastas, atingindo cifras milionárias.
Mizrahy afirma que empresas que tinham interesse em fechar contratos ou
tinham dinheiro para receber do município procuravam Rafael, com quem
deixavam cheques. Em troca, ele intermediaria o fechamento de contratos
ou o pagamento de valores que o poder municipal devia a elas.
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Marcelo Alves foi exonerado da Riotur dias depois da operação, em 25 de março.
Os mandados desta terça foram cumpridos pela Coordenadoria de
Investigação de Agentes com Foro (CIAF) da Polícia Civil e do Grupo de
Atribuição Originária Criminal da Procuradoria-Geral de Justiça
(Gaocrim), do MPRJ. A decisão é da desembargadora Rosa Helena Penna
Macedo Guita.
Em algumas mensagens interceptadas durante as investigações, Rafael
Alves chegou a dizer que fez o irmão se tornar presidente da Riotur.
Além disso, afirmou possuir a “caneta”, sugerindo dar as ordens na
prefeitura do Rio, nomeando quem quisesse para cargos e escolhendo as
empresas que iriam fazer contratos com o município.
Segundo os investigadores, foi a partir dessa influência que surgiu o
esquema de propina e extorsão de empresários que queriam fazer contratos
com a prefeitura.
As investigações apontaram que empresas que tinham interesse em fechar
contratos ou tinham dinheiro para receber do município entregavam
cheques a Rafael Alves. A partir da propina, o empresário facilitaria a
assinatura dos contratos e o pagamento das dívidas.
O ex-delegado Fernando Moraes, também preso na operação, foi citado em
trocas de mensagens entre Rafael Alves e o ex-senador Eduardo Lopes. Ele
ficou famoso quando chefiou a Divisão Antissequestro do Rio. Após se
aposentar, chegou a se tornar vereador na cidade. Atualmente ele faz
parte do Conselho Diretor da Agência Reguladora de Serviços Públicos
Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários, Metroviários e de
Rodovias do Estado do Rio de Janeiro (Agetransp).
O empresário Adenor Gonçalves dos Santos era dono das universidades
Gama Filho e Universidade e apontado pela polícia como o responsável por
levar as duas instituições à falência. Ele chegou a ser investigado por
suspeita de corrupção envolvendo cerca de R$ 100 milhões.
Intimidade com o prefeito
O empresário Rafael Alves esbanjava muita intimidade com o prefeito
Crivella. Eles eram vistos caminhando juntos próximo ao condomínio onde
mora o prefeito. Trocas de mensagens que vieram à tona quando foi
deflagrada a Operação Hades mostraram que ele conversava com o prefeito a
todo instante e que marcavam jantares e encontros frequentes.
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Também durante a primeira fase da operação, um vídeo mostrou um delegado atendendo a uma suposta ligação do prefeito Crivella
para o celular do empresário Rafael Alves. O relatório afirma que na
tela do celular apareceu a identificação da pessoa que estava ligando:
“Prefeito Crivella Novo 2”.
O delegado atendeu a chamada e identificou a voz do interlocutor como
sendo do prefeito Marcelo Crivella, que disse: “Alô, bom dia Rafael.
Está tendo uma busca e apreensão na Riotur? Você está sabendo?”.
Na operação desta terça-feira, outro mandado é cumprido contra Rafael
Alves no Porto do Frade, em Angra dos Reis, no Sul Fluminense, para
apreender uma lancha de 77 pés que pertence a ele.
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