sábado, 21 de novembro de 2020

Sem ter o que comer, moradores de Porto Iguaçu cavam para pegar 1,2 mil caixas de frango descartadas por órgão sanitário

By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1/PR Imagem: Divulgação
 
Moradores de Porto Iguaçu, na Argentina, desenterraram frangos que foram descartados em um terreno pelo órgão sanitário do país, na terça-feira (17). A carne, que havia sido apreendida pela Marinha argentina, foi retirada por famílias que passam fome na cidade, segundo o Movimento Ativo Social e Político Iguaçu (MAS).
Vídeos e fotos mostram famílias cavando para pegar as 1,2 mil caixas de carnes, entre eles estão crianças, idosos e mulheres. Conforme o representante do movimento social, Claudio Altamirano, as imagens divulgadas nas redes sociais retratam a crise econômica que os moradores enfrentam. 
“Toda essa situação complexa, socioeconômica, faz com que Porto Iguaçu esteja afundada na miséria, na pobreza e na fome. Essas imagens são o reflexo fiel, a realidade de como estamos hoje em Porto Iguaçu. A fome bate forte nas portas e também esvazia os potes das famílias. Eles tiveram que desenterrar frango para poder comer.”
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A cidade tem cerca de 105 mil habitantes e liga o país, pela Ponte Tancredo Neves, a Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, que tem mais de 250 mil moradores. Porto Iguaçu depende do turismo economicamente, mas as fronteiras estão fechadas desde março.  
De acordo com a Prefeitura de Porto Iguaçu, as carnes tinham ficado mais de 24 horas sem refrigeração e estavam impróprias para consumo, por isso, foram descartadas pelo Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Alimentar (Senasa). 
Crise econômica
De acordo com Altamirano, as imagens divulgadas mostram a transformação do que ocorreu em Porto Iguaçu. Dependente do turismo, o município abriga as Cataratas, como Foz do Iguaçu.
Por causa da pandemia, o Parque Nacional Iguazú está recebendo apenas visitantes da Província de Misiones, na Argentina. O funcionamento do parque tem ocorrido nos fins de semana, com 500 ingressos no sábado e 500 no domingo.
Antes do novo coronavírus a visitação média diária era de 4 mil pessoas no parque, em Porto Iguaçu.
O G1 tenta contato o Senasa e a prefeitura para entender sobre a forma de descarte da mercadoria e a situação exposta com as famílias em vulnerabilidade social.
A Marinha argentina, que apreendeu as caixas de frango, não se manifestou sobre o descarte dos alimentos ou sobre as imagens dos moradores nas redes sociais. 
Em Foz do Iguaçu, as Cataratas têm recebido 525 visitantes por hora como forma de restrição na pandemia. A média de visitação tem sido de 1,5 mil pessoas por dia.
O representante do movimento explicou que durante a pandemia as organizações sociais têm ajudado as famílias da periferia da cidade. 
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Eles mantêm quatro centros comunitários para atender moradores com serviços de assistência social. A alimentação é preparada nas cozinhas dos centros com doações e alimentos comprados com fundos das próprias organizações, conforme Altamirano. 
Apreensão de carnes
De acordo com a Marinha argentina, a carnes de frango foram apreendidas após uma denúncia de contrabando.
Durante a apreensão, foram identificadas 30 pessoas envolvidas no caso, em um lugar conhecido como um ex-clube de pesca, em Porto Iguaçu.
Segundo a Marinha, os suspeitos que estavam no local agrediram a equipe do órgão federal com pedras. Um dos soldados ficou ferido e o veículo da Marinha foi danificado.
Foram apreendidas caixas com frangos, azeites, farinhas e outros alimentos sem documento aduaneiro, além de dinheiro e 20 celulares. 

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