By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: BANDA B – Imagem: Agência Senado
Em uma provocação ao futuro
ministro da Justiça, Sérgio Moro, o senador Roberto Requião (MDB-PR) apresentou
um projeto de lei estabelecendo novos critérios para a concessão de perdão
judicial para quem for flagrado cometendo crimes eleitorais, contra a
administração pública ou contra o sistema financeiro nacional.
O indulto seria dado, a critério do
juiz, a quem demonstre arrependimento, confesse a prática do crime, apresente
pedido público de perdão e de dispensa da pena. O senador incluiu no texto
também a possibilidade de o perdão ser dado de ofício para quem for nomeado
para o cargo de ministro.
Requião decidiu apresentar a
proposta, batizada de Onyx Lorenzoni, nome do futuro ministro da Casa Civil,
depois que Moro minimizou o fato de o próprio deputado ter admitido que recebeu
R$ 100 mil em doações não declaradas, o chamado caixa 2, da empresa JBS para
custear despesas de campanha.
Em entrevista coletiva nesta
semana, Moro afirmou que admira Lorenzoni e disse que, quanto aos seus erros,
“ele mesmo admitiu e tomou providências para repará-los”.
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“A Igreja Católica não pune porque
é instrumento de redenção. Na doutrina da Igreja, sempre há a possibilidade do
perdão. Agora o Moro introduziu isso na Justiça. Nem o papa é tão generoso
assim O Moro dispensou até as ave-marias como punição”, afirmou Requião ao
Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. “Por
isso quero ajudar a viabilizar o governo do Bolsonaro, quero que eles possam se
perdoar a todos”, ironizou o senador.
Segundo Requião, a proposta, que
está tramitando na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, foi
apresentada para expor as contradições que já se apresentam ao futuro governo.
“Quero que o Senado reaja. Seus aliados vão ter que admitir que ele Moro pode
agir assim ou que ele não pode perdoar ninguém. Isso vai mostrar que ele não é
um juiz, mas um militante desse tipo de governo”, disse. “Coloquei o guizo no
pescoço do gato”, completou.
Na exposição de motivos da
proposta, Requião lembra também o caso do futuro ministro da Economia, Paulo
Guedes, que é investigado por suspeita de fraude em aplicações de fundos de
pensão. “Limitar a Lorenzoni seria ato personalíssimo, que viola, portanto, o
princípio constitucional da impessoalidade que deve reger a administração
pública”.
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Ele diz que ampliou o rol de crimes a serem perdoados, estendendo a
crimes financeiros, justamente para abarcar a situação de Guedes.
Ironia
Na introdução, o projeto cita uma
expressão em latim, “ridendo castigat mores”, que significa “o riso corrige os
costumes”. Para o senador, “a ironia é a coisa mais eficiente contra o
autoritarismo”. “Se Hitler tivesse sido ironizado, ele não teria tido espaço
para fazer o que fez”, disse.
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