By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: UOL – Imagem: Divulgação
A contratação de trabalhadores por salários mais baixos
levou a Previdência Social a registrar a primeira queda real (descontada a
inflação) na arrecadação em 10 meses. Segundo dados divulgados nesta
terça-feira (24) pela Receita Federal, o INSS (Instituto Nacional do Seguro
Social) arrecadou R$ 31,818 bilhões em março, valor 0,53% inferior ao do mesmo
mês do ano passado, ao corrigir os valores pelo IPCA (Índice Nacional de Preços
ao Consumidor Amplo).
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A última queda da arrecadação da Previdência em termos reais
tinha sido em abril do ano passado. De acordo com o chefe do Centro de Estudos
Tributários da Receita Federal, Claudemir Malaquias, a evolução do mercado de
trabalho nos últimos meses fez a arrecadação da Previdência parar de crescer ao
descontar a inflação.
"A economia está contratando cada vez mais
trabalhadores, mas eles estão voltando ao mercado com um patamar salarial um
pouco menor [do] que no ano passado. Apesar de haver crescimento no número de
empregos, a massa salarial está crescendo menos", disse Malaquias.
Segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados) do Ministério do Trabalho, em fevereiro, mês que serviu de fato
gerador da arrecadação de março, o país contratou 61.188 trabalhadores formais
a mais do que demitiu. A massa salarial cresceu 3,68% em valores nominais em
relação a fevereiro do ano passado. No entanto, com a atualização pelo IPCA,
houve queda de 0,06% na mesma comparação.
Lucro das empresas
A arrecadação do IRPJ (Imposto de Renda Pessoa Jurídica) e
da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) – tributos ligados ao lucro
das empresas – caiu 3,78% em março, na comparação com o mesmo mês do ano
passado, em valores corrigidos pelo IPCA, depois de crescer em janeiro e
fevereiro. De acordo com Malaquias, a queda se deve ao fato de que muitas
empresas de grande porte anteciparam o pagamento dos dois tributos para os dois
primeiros meses do ano, impactando o resultado de março.
"O que importa é o resultado do trimestre, em que a
arrecadação [de IRPJ e CSLL] acumula crescimento de 2,18% acima da inflação. A
legislação dá a faculdade para as grandes empresas pagarem em qualquer um dos
três primeiros meses do ano. A data de pagamento é um comportamento que varia
de empresa para empresa. Não dá para estabelecer um padrão", disse.
O auditor da Receita explicou que ocorreram compensações
(devoluções de tributos pagos a mais) e o abatimento de prejuízos de anos
anteriores por grandes empresas, que também puxaram para baixo o pagamento de
IPRJ e CSLL em março.
Estimativa
Nos três primeiros meses do ano, a arrecadação federal
acumula crescimento real (acima do IPCA) de 8,42%. Sem as receitas extras do
ano passado, como o parcelamento especial conhecido como novo Refis, a Receita
estima que o crescimento diminuirá nos próximos meses até encerrar o ano em
torno de 4%. Segundo Malaquias, a estimativa está mantida e só será revisada no
fim de maio, quando o Ministério do Planejamento divulgar a nova programação do
Orçamento.
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