By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: BANDA B – Imagem: Pedro Ribas (AEN)
A Procuradoria-Geral da República
(PGR) denunciou nesta terça-feira (27) o deputado federal Valdir Rossoni
(PSDB-PR) por peculato – por 15 vezes – devido à nomeação de “servidores
fantasmas” para seu gabinete quando era deputado estadual no Paraná, entre 2003
e 2011. Rossoni está licenciado da Câmara dos Deputados para exercer o cargo de
secretário-chefe da Casa Civil do estado. Além do parlamentar, outras três
pessoas foram denunciadas, entre elas o então chefe de gabinete de Rossoni,
Altair Daru.
Na denúncia, a procuradora-geral da
República, Raquel Dodge, detalha a forma como o dinheiro público era desviado
pelo parlamentar. O esquema consistia em nomear para cargos comissionados em
seu gabinete na Assembleia Legislativa pessoas que não sabiam que haviam sido
designadas para exercer o cargo; familiares que não exerciam efetivamente a
função; e pessoas que não prestavam serviço à Assembleia.
Além disso, algumas
pessoas efetivamente trabalhavam, porém entregavam grande parte do salário ao
parlamentar via intermediários; também havia funcionário que prestava serviços
particulares ao deputado, sendo remunerado por meio de cargo comissionado, mas
não exercia a função no Legislativo.
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Segundo Raquel Dodge, valendo-se
deste modus operandi de contratação para os cargos comissionados no gabinete
parlamentar, Valdir Rossoni e os coautores criaram forte esquema de desvio de
recursos públicos em proveito próprio e de terceiros, como amplamente embasado
por depoimentos e documentos anexos à denúncia. “Valdir Rossoni era responsável
pela assinatura dos termos de nomeação e de exoneração de todos os servidores
comissionados ou não, designados para trabalhar em seu gabinete parlamentar no
período descrito na denúncia, inclusive notadamente os que são objeto das
práticas ilícitas ora narradas e que proporcionaram o desvio de vultosos
recursos públicos”, descreve a PGR na peça.
Casos
Em um dos casos, a mãe de Altair
Daru, Hellena Daru, foi nomeada como servidora comissionada no período de
janeiro de 2003 a junho de 2005. Mesmo recebendo salários que variaram de R$
6,6 mil a R$ 25 mil, Hellena diz que nunca esteve no prédio da Assembleia
Legislativa do Paraná, tampouco prestou serviço ao órgão ou recebeu
remuneração. Os vencimentos depositados em sua conta eram sacados ou
transferidos para seu filho.
Além do episódio envolvendo a
própria mãe, Altair Daru, que acompanha Rossoni desde 1991, era peça essencial
no sistema fraudulento também na movimentação de contas de diversas pessoas
indicadas pelo deputado para ocupar cargos comissionados no gabinete. Com o
apoio da bancária Liana de Oliveira Lisboa, eram solicitados novos cartões e
senhas para as contas dos funcionários “fantasmas”. Ela era a responsável por
fazer os saques das contas nos caixas da agência bancária após o horário
comercial.
O outro denunciado é o piloto
Marcelo Venâncio Brito. Entre 2009 e 2010, mesmo nomeado pelo gabinete de
Rossoni, Marcelo trabalhava como piloto na empresa responsável por comandar o
avião particular que transportava o deputado. No entendimento da PGR, o
parlamentar utilizou dos recursos da Assembleia Legislativa para remunerar o
serviço de piloto particular de aeronave da sua empresa para voar para as mais
diversas localidades, várias delas incompatíveis com a atividade legislativa.
Penas
Na denúncia, a PGR pede a
condenação dos envolvidos e a reparação dos danos financeiros causados
acrescidos de juros e correção monetária. Em caso de condenação, pede a
decretação da perda da função pública para quem tiver cargo ou emprego público
ou mandato eletivo. Em uma cota, também apresentada ao STF, a
Procuradoria-Geral da República solicita a quebra de sigilo bancário de alguns
envolvidos, além do envio de informações por parte da Assembleia Legislativa
paranaense.
Defesa de Rossoni
O advogado de Rossoni, José Cid
Campelo Filho, disse, em nota, que o deputado não teve oportunidade defesa e
que é “lamentável” a divulgação da denúncia pelo Ministério Público Federal
(MPF). Segue a nota:
“Lamentável a divulgação pelo
MPF de uma denúncia apresentada sem que Valdir Rossoni tenha tido oportunidade
defesa. Na oportunidade própria, vamos apresentar a defesa se a denúncia for
recebida pelo Supremo, o que não se espera. Além disso, vamos ajuizar ação de
indenização contra a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, por divulgar
denúncia sem ter dado a mínima oportunidade de defesa ou mesmo esperar que a
denúncia fosse recebida pelo Supremo”.
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