By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: RPC – Imagem: Divulgação
O delegado da Polícia Civil Max Dias Lemos, que atua em Matinhos, no
litoral do Paraná, é suspeito de receber R$ 50 mil para libertar dois
traficantes da prisão, de acordo com o Ministério Público (MP). Ele foi preso na manhã desta segunda-feira (29), durante a Operação Atrox.
"O representado Max Lemos Dias manipulou o inquérito policial em
proveito próprio pois recebeu a quantia de R$ 50.000,00 (cinquenta mil
reais) (...) para desfazer a lavratura do auto de prisão em flagrante e
liberá-los", diz trecho do despacho que autorizou a prisão do delegado.
Além dele, outras três pessoas foram presas na operação, que foi
coordenada pelo MP de Ibaiti, no norte do Paraná. Entre os presos, estão
os que foram anteriormente liberados por Max, conforme a promotoria.
"Em latim, Atrox significa repugnante, que é o que consideramos esses
atos de corrupção", explica a promotora Dúnia Serpa Rampazzo.
No despacho, também há trechos de ligações telefônicas interceptadas ao
longo das investigações. Em uma das chamadas, o filho de um dos presos
libertados por Max, conforme o MP, comenta que o "veinho fez acerto com
os homens e ficou de boa".
Crime praticado de 'maneira reiterada'
A promotoria argumenta, ainda, que esse não é o primeiro caso do tipo
envolvendo Max. Conforme o MP, o delegado também é suspeito de receber
R$ 39 mil para permitir que um investigado responda em liberdade a um
inquérito que investiga uma morte na região.
"(...) verifica-se que o representado está sendo investigado por crime
da mesma natureza do ora analisado, em situações sem qualquer vínculo e
com o envolvimento de pessoas diversas, demonstrando que o crime poderia
ser praticado de maneira reiterada e não meramente casual", diz trecho
do despacho.
Por isso, para a juíza que assina o despacho, Fabiana Ferrari, a prisão
do delegado é necessária "para garantir a ordem pública ante a
possibilidade concreta de reiteração delitiva".
No despacho, ainda é lembrado o fato de Max ter usado uma viatura da polícia, descaracterizada, enquanto estava de férias.
O advogado de Max, Miguelângelo Lemos disse que, por enquanto, a defesa
não vai se posicionar sobre o assunto. "Não tivemos acesso aos autos,
mas já solicitamos. O nosso pedido está em trâmite. Por isso, preferimos
não nos manifestar no momento", explica.
O delegado deve responder por corrupção passiva majorada e por falsificação de documento público.
A Polícia Civil disse que vai instaurar um processo administrativo pela
Corregedoria Geral da Polícia Civil (Cgpc), para apurar a conduta do
servidor.
Além dos quatro mandados de prisão preventiva, outros nove mandados de
busca e apreensão foram cumpridos nesta manhã no Paraná: em Ibaiti e em
Londrina, no norte; em Matinhos, no litoral; e em Telêmaco Borba, nos
Campos Gerais.
Os outros três presos devem responder por tráfico interestadual de
drogas, associação para o tráfico e corrupção ativa majorada, conforme o
MP.
Investigações
Segundo o MP, as investigações - que duraram oito meses - tiveram
início enquanto um homem de Ibaiti, suspeito de ser traficante e de
liderar uma organização criminosa na região, era monitorado.
Durante o monitoramento, conforme a promotoria, foi descoberto que um
policial militar e o sogro do prefeito de Ibaiti foram de caminhonete a
Matinhos para levar drogas para o investigado.
Foi, então, que o policial e o sogro do prefeito foram presos em
flagrante. Conforme o MP, porém, eles ficaram na cadeia por uma noite.
Ambos foram soltos ilegalmente por suspeita de pagar propina para o
delegado.
"No dia do flagrante, esse traficante que seria o líder conseguiu
fugir, mas conseguimos prendê-lo e mantê-lo preso em Londrina depois",
relata a promotora.
A operação foi coordenada pela 2ª Promotoria de Justiça da Comarca de
Ibaiti. Para o cumprimento dos mandados, o MP teve o apoio do Grupo de
Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e da Equipe de
Inteligência da Polícia Militar (PM).
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