By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: UOL – Imagem: Dida Sampaio (Estadão)
Com
intenção de se candidatar a presidente em 2018, o deputado federal Jair
Bolsonaro (PSC-RJ), que costuma utilizar pautas conservadoras em discursos e
posições, não se pronunciou em nenhuma das últimas cinco sessões que tinham em
pauta o endurecimento de leis da segurança pública, assunto presente em muitos
de seus discursos. Todos os textos, aprovados, seguirão para apreciação do
Senado.
Em
três dias, entre 7 e 9 de novembro, cinco projetos de lei da chamada
"bancada da bala" foram aprovados na Câmara dos Deputados. Bolsonaro
marcou presença em todas as sessões. No entanto, não pediu a palavra em nenhum
momento.
O UOL
solicitou uma entrevista ao deputado. Até a publicação desta reportagem, a
assessoria de imprensa não retornou o pedido. Com o feriado na próxima
quarta-feira (15), a Câmara não terá nenhum dia de votações na semana que vem.
Às 12h40 desta sexta-feira (10), a assessoria solicitou que o pedido fosse
feito via WhatsApp porque só veria os e-mails na semana que vem.
Na
terça-feira (7), foram aprovados o projeto que obriga as operadoras de
telefonia celular a instalarem bloqueadores de sinal em presídios e o outro
extingue o atenuante de penas para pessoas entre 18 e 21 anos de idade que
tenham cometido crimes.
Na
quarta (8), os deputados aprovaram o texto que extingue a progressão de pena
para os acusados de matar policiais. E ontem (9), foram aprovados projetos de
lei para a criação de cadastro nacional de desaparecidos (pauta menos
conservadora das cinco) e que tornam mais rígidas as regras para a saída
temporária de presos.
A
pouco menos de um ano das eleições, os projetos que endurecem a segurança pública,
com apoio de deputados da bancada da bala, vêm na esteira de lei aprovada no
final de outubro deste ano, quando o presidente Michel Temer (PMDB) sancionou o
projeto que transformava em crime hediondo o porte e a posse de armas de uso
exclusivo das Forças Armadas.
O
apoio do Planalto às mudanças nas leis de segurança pública já havia sido
anunciado em agosto pelo ministro do Gabinete de Segurança Institucional,
Sérgio Etchegoyen.
Qual seria a estratégia por trás do
silêncio?
Especialistas
se dividem. Segundo Vera Chaia, professora de ciência política da PUC-SP,
Bolsonaro usa uma estratégia de amenidade para conseguir mais eleitores. Para
Luiz Radfahrer, professor de Marketing Político da USP, o deputado tem medo de
ser penalizado por fazer campanha antes da hora.
"Ele
está se resguardando, não está radicalizando as posições neste momento para não
perder eleitorado. É um bom senso dele de não opinar num espaço que vai ter
oportunidade. Até porque ele já teve vários processos. Acho que agora ele está
pensando antes para depois falar. Amenizar a imagem dele para um eleitorado que
ainda está escolhendo seus candidatos", analisou, a pedido do UOL, a
professora Vera.
Já
segundo o professor Radfahrer, "está todo mundo desesperado para tirar ele
da jogada, porque ele é perigoso. Ele e o Lula são os caras que estão mais
desesperados para jogar corretamente, porque qualquer atravessar sinal amarelo
vai tirar os caras da jogo. Porque o Tribunal Superior Eleitoral está com o
olho gordíssimo sobre eles", afirmou.
Não falou na Câmara, mas qual a opinião de
Bolsonaro?
Atualmente,
o Código Penal brasileiro prevê que culpados menores de 21 anos à época do
crime tenham um atenuante automático da pena e uma redução pela metade dos
prazos de prescrição da mesma - isto é, do tempo total para que o crime seja
julgado. Ou seja, se um crime prescreve em até 10 anos, para pessoas nessa
idade a prescrição cai a 5. Pelo novo projeto, porém, não haveria mais essa
redução.
Diretamente
sobre o projeto de lei, Bolsonaro nunca se posicionou. No entanto, sobre a
redução da maioridade penal e sobre atenuantes para pessoas em conflito com a
lei, o parlamentar sempre se posicionou de maneira conservadora. No programa
"Mariana Godoy Entrevista", da RedeTV!, o deputado chegou a afirmar
que o ideal seria a maioridade penal, que hoje é de 18 anos, seja reduzida para
14.
Sobre
o projeto em si, Bolsonaro também nunca se posicionou publicamente. Mas, em
agosto deste ano, durante uma entrevista a uma rádio pernambucana, o deputado
sugeriu, para não haver problemas de ligações de presos, a construção de
penitenciárias agrícolas na Amazônia. "Lá não tem sinal de telefone. É
satélite", argumentou à rádio Jornal de Caruaru.
"De
acordo com o tipo de crime, o elemento vai para lá, de acordo com a sua
condenação. Lá você não vai ter problema de o elemento ficar coordenando a
criminalidade porque não tem sinal de telefone. É por satélite. E lá talvez
você poderia implementar algo voltado para a agricultura, botar os caras para
trabalhar. E tirá-los realmente do convívio da sociedade que ele tanto
agride", disse Bolsonaro.
Militar
da reserva, Bolsonaro sempre manteve posicionamento na defesa de policiais e de
militares do Exército. O deputado também nega que o Brasil tenha vivido uma
ditadura e, constantemente, reforça avanços que teriam existido com os
militares no
Mas,
durante a divulgação do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2015, ele
defendeu a morte de civis pela PM (Polícia Militar). "Eu acho que essa
Polícia Militar do Brasil tinha que matar é mais. Quase metade dessas mortes
são em combate, em missão", disse. Em outubro deste ano, o parlamentar
defendeu a venda de pistolas .50 "para nós evitarmos o policial civil,
militar, um PRF, ao abater um inimigo, que estava atirando nele, seja condenado
por excesso".
Sobre
a criação de um cadastro nacional de desaparecidos, a única pauta, entre as
cinco, mais progressista, prevê que o cadastro passará a reunir informações de
cidadãos de qualquer idade e institui uma política nacional para o tema.
Bolsonaro também nunca se manifestou sobre o assunto.
No
entanto, sobre desaparecidos, o deputado sempre se envolve em polêmicas quando
o assunto passa pelos desaparecidos políticos da ditadura. Em 2009, ele chegou
a fazer um protesto contra as indenizações "bilionárias" concedidas
aos ex-presos políticos e familiares de desaparecidos forçados. "A mentira
deles não é a verdade da história. O povo tem de dar graças a deus aos
militares."
Na
Câmara, durante a votação, ele não se posicionou. No entanto, sempre se
demonstrou contra o benefício da saída temporária. Em fevereiro deste ano, ele
gravou um vídeo, na região do presídio da Papuda, em Brasília, criticando os
presos que estavam deixando o cárcere para a saída temporária do Carnaval.
"Lógico,
reconheço que alguns aí cometeram crime de pequeno potencial, mas tem muito
bandido aí que não tem recuperação, não. Saidão de Carnaval, é isso aí, vamos
sambar. Dinheirinho no bolso, auxílio reclusão, alguns têm até bolsa família,
numa boa, isso aí é Brasil. Tá ok? Essa mamata vai acabar, hein, galera?! Pode
esperar", narrou.
Recentemente, pelo Twitter, Bolsonaro afirmou:
"Se o marginal não quer perder direitos, que pense 1000 vezes antes de
matar ou estuprar alguém. Cadeia também é pra pagar seus erros, não é colônia
de férias!".
OS COMENTÁRIOS NÃO SÃO DE
RESPONSABILIDADES DO INTERVALO DA
NOTICIAS. OS COMENTÁRIOS IRÃO PARA ANALISE E SÓ SERÃO PUBLICADOS SE TIVEREM
OS NOMES COMPLETOS.
FOTOS PODERÃO SER USADAS MEDIANTE
AUTORIZAÇÃO OU CITAR A FONTE
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.