By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Divulgação
O padre Iran Rodrigo Sousa de Oliveira, de 45 anos, preso suspeito de
cometer abusos com promessa de “recuperar a virgindade”, negou os crimes
em depoimento ao Ministério Público de Goiás (MP-GO). Porém, de acordo
com o promotor de Justiça Danni Sales Silva, o pároco confirmou que
tocava em partes íntimas das fiéis ou em fotos enviadas por aplicativo
de celular para 'santificá-las' em um ritual religioso.
A promotoria divulgou nesta segunda-feira (21), que durante o
depoimento, colhido na última sexta-feira (18), o padre explicou que tem
o "dom da cura" pelas mãos, que foi crescendo gradativamente. Ainda
conforme Oliveira, ele não poderia negar sua missão de interceder pelas
pessoas.
"Há toque representativo de fé, de santidade, de cura, que são estes os
toques que foram praticados, que se estivesse com má intenção em
quaisquer das intervenções de toque muito antes de curar, teria
amaldiçoado", disse Oliveira.
O MP investiga pelo menos cinco abusos que teriam sido cometidos pelo padre, que foi preso preventivamente na última quarta-feira (16)
na cidade de Caiapônia, no sudoeste de Goiás. Depois, ele foi
transferido para Anicuns, a 76 km de Goiânia, onde permanece detido.
De acordo com as investigações, há suspeita de que os crimes fossem
cometidos desde 2005. Inicialmente, a acusação era de dois crimes contra
uma jovem, de 21 anos, e uma adolescente, de 14, na época do crime, em
2014. Depois que o caso veio à tona, outras três jovens procuraram o MP para denunciar o pároco.
Abusos
De acordo com as investigações, os abusos aconteciam dentro da casa
paroquial e duravam de 1h a 1h30. Silva afirma que todas as vítimas são
profundamente religiosas e do sexo feminino.
As fiéis relataram ainda ao Ministério Público que se sentem culpadas
por terem deixado ser abusadas pelo padre. “Uma delas chorou do início
ao fim do depoimento, perguntando se ela era culpada por aquilo. Ela
chegou até a pesquisar na internet se aquele tipo de benção, tocando as
partes íntimas, existia dentro da Igreja Católica”, contou o promotor.
Segundo o padre, antes de tocá-las, ele perguntava se as fiéis
permitiam. "Ele relatou que tocava sempre com as mãos espalmadas, tocava
na parte externa da vagina fazendo o sinal da cruz, com completa
ausência de libido e se mantinha de olho fechado", contou o promotor.
De acordo com o MP, os abusos ocorriam tanto presencialmente quanto por
meio de um aplicativo de celular. "Nestes casos, as pessoas mandavam as
fotos do peito, quadril, coxas, nádegas e das partes íntimas. Ao
receber a foto, ele tocava pelo celular e tinha o 'poder de cura'",
relata.
Para Silva, o padre comenteu os crimes de adquirir e armazenar fotos de
conteúdo pornográfico e violação sexual mediante fraude. "É
inconcebível, a alegação dele não justifica esse tipo de intervenção,
viola a dignidade humana", conclui.
Na ocasião da prisão, o bispo diocesano de São Luís de Montes Belos de
Goiás, responsável pela paróquia de Americano do Brasil, da qual o padre
preso faz parte, informou à TV Anhanguera que o pároco deve ficar
afastado das atividades durante as investigações e que ele ainda é
suspeito e não culpado.
Defesa
O advogado Leonardo Couto Vilela, que defende o padre, negou que o
religioso tenha cometido algum crime informou. Ele informou na tarde
desta segunda-feira (21), que o "o dom da cura poderia ser em qualquer
membro, já que, segundo o padre, o corpo é único, porém com funções
diferentes".
Vilela explicou que o " sinal da cruz sempre estava presente, razão
pela qual ele desconhece qualquer penetração de dedos que alegam
existir. O sinal da cruz pelas mãos ungidas e sempre espalmadas (e com
os olhos fechados) era a forma de buscar a santificação. O movimento
corpóreo em oração (3 Ave Marias) significa que o corpo em movimento vai
de encontro à oração Pentecostal e que auxiliaria no recebimento da
graça".
Ainda de acordo com o advogado, as fotos de vários ângulos serviam
"justamente para que o padre pudesse ungir com o sinal da cruz as partes
que se interligavam mais próximas com o local que se buscava a graça.
Por exemplo: estando a pessoa com problemas no joelho, buscava-se a
unção das coxas, sobrecoxas, quiçá os pés".
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