By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: UOL – Imagem: Pedro Ladeira (Folhapress)
A
Procuradoria da República do Distrito Federal instaurou inquérito para
investigar o suposto repasse de US$ 80 milhões do Grupo J&F para os
ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ambos do Partido dos
Trabalhadores. A investigação é um desdobramento do acordo de colaboração
premiada firmado pela Procuradoria-Geral da República e executivos do Grupo
J&F, dono da JBS.O Procedimento Investigatório Criminal (PIC) foi
instaurado pelo procurador Ivan Marx porque o desmembramento promovido pelo
ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF),
baseou-se na conexão dos fatos narrados pelos delatores com a Operação Bullish.
Deflagrada em 12 de maio, a operação mirou os aportes bilionários do Banco
Nacional de Desenvolvimento (BNDES) nas empresas do Grupo J&F.
Na
delação, Joesley Batista narrou que, em 2009, foi criada uma conta para receber
os repasses relacionados a Lula e, no ano seguinte, outra foi aberta para envio
de valores relacionados a Dilma. O empresário revelou que, em dezembro naquele
ano, o BNDES adquiriu de debêntures da JBS, convertidas em ações, no valor de
US$ 2 bilhões, "para apoio do plano de expansão".
"O
depoente escriturou em favor de Guido Mantega, por conta desse negócio, crédito
de US$ 50 milhões e abriu conta no exterior, em nome de offshore que
controlava, na qual depositou o valor", relatou Joesley.
Segundo
o empresário, em reunião com Mantega, no final de 2010, o petista pediu a ele
"que abrisse uma nova conta, que se destinaria a Dilma". Nesse momento,
disse o delator, foi perguntado a Mantega se Lula e Dilma sabiam do esquema.
"Guido confirmou que sim", disse ele.
Em
outro caso, Joesley declarou que foi feito um financiamento de R$ 2 bilhões, em
maio de 2011, para a construção da planta de celulose da Eldorado. O delator
disse que Mantega "interveio junto a Luciano Coutinho (então presidente do
BNDES) para que o negócio saísse".
O
empresário declarou que depositou, "a pedido de Mantega", por conta
desse negócio, crédito de US$ 30 milhões em nova conta no exterior. "O
depoente, nesse momento, já sabia que esse valor se destinava a Dilma; que os
saldos das contas vinculadas a Lula e Dilma eram formados pelos ajustes
sucessivos de propina do esquema BNDES e do esquema-gêmeo, que funcionava no âmbito
dos fundos Petros e Funcef; que esses saldos somavam, em 2014, cerca de US$ 150
milhões.
"Em
outra ocasião, em novembro de 2014, Joesley disse que "depois de receber
solicitações insistentes para o pagamento de R$ 30 milhões para Fernando
Pimentel, governador eleito de Minas Gerais, veiculadas por Edinho Silva
(tesoureiro da campanha de Dilma em 2014), e de receber de Guido Mantega a
informação de que 'isso é com ela', solicitou audiência com Dilma".
"Dilma
recebeu o depoente no Palácio do Planalto; que o depoente relatou, então, que o
governador eleito de MG, Fernando Pimentel, estava solicitando, por intermédio
de Edinho Silva, R$ 30 milhões, mas que, atendida essa solicitação, o saldo das
duas contas se esgotaria; que Dilma confirmou a necessidade e pediu que o
depoente procurasse Pimentel", narrou aos investigadores.
As
defesas dos ex-presidentes Lula e Dilma foram procuradas, mas ainda não se
pronunciaram sobre a abertura do inquérito.
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