By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: UOL – Imagem: Divulgação
O
juiz Sérgio Moro condenou o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral
(PMDB) a 14 anos e dois meses de prisão por corrupção passiva, por pedir e
receber vantagem indevida no contrato de terraplanagem do Comperj (Complexo
Petroquímico do Rio de Janeiro), e 12 crimes de lavagem de dinheiro. A mulher
dele, Adriana Ancelmo, foi absolvida das acusações de corrupção passiva e de
lavagem de dinheiro por falta de provas.
Essa
é a primeira condenação, no âmbito da Lava Jato, contra Cabral. O ex-governador
também é réu em outros nove processos, na 7ª Vara Criminal da Justiça Federal
do Rio de Janeiro, após denúncias de corrupção, lavagem de dinheiro e
organização criminosa. A sentença, que ao todo soma 118 páginas, diz que, como
as outras ações penais ainda não foram julgadas, Moro considerou que o
ex-governador tem bons antecedentes.
Segundo
Moro, o crime de corrupção envolveu o recebimento de R$ 2,7 milhões em propina,
em valores de 2008 --R$ 6.662.150, corrigidos pelo IGP-M --, o que, segundo o
juiz, é "bastante expressivo". Para o juiz, o crime se insere em
contexto mais amplo: "de cobrança sistemática pelo ex-governador e seu
grupo de um percentual de propina incidente sobre toda obra pública no Estado
do Rio de Janeiro".
Com
base em patrimônio de R$ 3 milhões e nos crimes, o juiz da Lava Jato em
Curitiba também determinou que Cabral pague multa de cerca de R$ 673 mil.
O
advogado de Cabral, Rodrigo Roca, afirmou ao UOL que vai recorrer da
condenação. Por volta das 12h, a defesa informou que ainda estava lendo a
sentença para analisar o mérito da decisão e verificar quais serão os
argumentos do recurso. Em depoimento a Moro em abril, Cabral negou ter recebido
propina da Andrade Gutierrez e alegou que fez uso de sobras de caixa dois.
Wilson
Carlos, ex-secretário e braço direito de Cabral - condenado a dez anos e oito
meses de prisão pelo crime de corrupção passiva e por dois crimes de lavagem de
dinheiro. Carlos Miranda, operador
financeiro do esquema de Cabral - condenado a 12 anos de prisão pelo crime de
corrupção passiva e por quatro crimes de lavagem de dinheiro. Mônica Carvalho, mulher de Wilson Carlos -
absolvida por falta de provas.
O
advogado de Wilson Carlos, Pedro de Albuquerque e Sá, afirmou que "a
sentença é muito extensa" e que ainda não teve tempo hábil para fazer a
leitura. "Estamos analisando", afirmou ele. O defensor disse ainda
não saber se vai ou não recorrer à Justiça Federal do Paraná na tentativa de
anular a sentença.
O
advogado de Carlos Miranda, Daniel Raizman, disse ao UOL que pretende recorrer
da decisão. "Não houve prejuízo da Petrobras, uma vez que a licitação foi
conforme a direito. Não há provas de solicitação de dinheiro por parte dos
agentes públicos nem que CM [Carlos Miranda] tenha recebido valores. Tampouco
há provas que os valores gastos tem origem ilícito (sic) nem provas de
ocultação de patrimônio por parte de Carlos Miranda", afirmou a defesa.
Wilson
Carlos e Carlos Miranda foram condenados por receber propina de R$ 2,7 milhões
juntamente com Cabral -- segundo a decisão, R$ 1.419.746,05 foram recebidos
pelo ex-governador, R$ 766.104,38 pelo ex-secretário e R$ 479.747,75 pelo
operador financeiro. Os valores foram pagos pela empreiteira Andrade Gutierrez,
que fechou acordo de leniência.
Sérgio
Cabral está preso desde novembro passado após ser acusado pela força-tarefa da
Lava Jato no Rio de Janeiro de chefiar esquema de corrupção durante sua gestão
à frente do Estado (2007 a 2014). Após ficar detido no Complexo de Bangu, na
zona oeste, ele foi transferido há duas semanas para uma cadeia em Benfica,
zona norte do Rio. Adriana Ancelmo está em prisão domiciliar no apartamento do
casal no Leblon, zona sul carioca, porque responde a acusações de lavagem de
dinheiro, envolvendo seu escritório de advocacia, na Justiça Federal do Rio.
Moro
manteve a prisão preventiva de Cabral, Carlos Miranda e Wilson Carlos. Para o
juiz, a medida é necessária para prevenir o recebimento do saldo da propina em
acertos de corrupção, impedir ou dificultar novas formas de ocultação e
dissimulação dos valores recebidos em propina, que não foram recuperados. Ele
determinou também o confisco do patrimônio dos condenados de valores
equivalentes a R$ 6.662.150, o que corresponde ao valor recebido de propina (R$
2,7 milhões) corrigido monetariamente pelo IGP-M (FGV) desde outubro de 2008 e
acrescido de 0,5% de juros ao mês -- segundo o juiz, os valores recebidos como
propinas ainda não foram recuperados. O magistrado lembrou que o dinheiro foi
usado na compra de bens de difícil localização e sequestro judicial, o que
impede de determinar agora o que deve ser confiscado em bens. Segundo ele, há
indícios de que Cabral e Wilson Carlos possam ter "esvaziado suas contas
antes da efetivação do bloqueio ordenado por este Juízo". Na sentença,
Moro disse que considerou a situação quase de falência do governo fluminense,
"com sofrimento da população e dos servidores públicos", e que ela
também tem origem no que chamou de "cobrança sistemática de propinas",
com impacto na administração e orçamento.
O
juiz também citou que a cobrança de propina sobre "toda obra realizada no
Rio" indica "ganância desmedida". Para o crime de corrupção
passiva, a pena foi de quatro anos e seis meses de reclusão. Considerando
agravantes, como o fato de Cabral ser o líder de seu grupo, a pena saltou para
seis anos e oito meses de reclusão.
No
caso da condenação por corrupção, Moro determinou 150 dias multa --cada dia
multa foi fixado em cinco salários mínimos vigentes ao tempo do crime em
outubro de 2008. No caso dos crimes da lavagem de dinheiro, foram arbitrados
100 dias multa, com valores de cinco salários mínimos vigentes em maio de 2014.
O UOL calculou que o total a ser cobrado é de cerca de R$ 673 mil.
Segundo
a sentença, o montante lavado por Cabral foi de R$ 436,5 mil. A condenação
pelos 12 crimes de lavagem de dinheiro é de sete anos e seis meses de reclusão.
A denúncia
De acordo com a denúncia da Lava Jato, a Andrade
Gutierrez pagava propina a Cabral por todo grande projeto tocado pela empresa
no Rio de Janeiro. No caso específico das obras do Comperj, ainda de acordo com
o MPF, o valor inicial do contrato era de R$ 819,8 milhões, mas foi alvo de
aditivos e acabou saindo por cerca de R$ 1,18 bilhão. Ainda segundo a denúncia,
as propinas teriam sido depois acertadas pelos dirigentes da empreiteira com o
então governador, Wilson Carlos e Carlos Miranda. Paulo Roberto Costa,
ex-diretor da Área de Abastecimento da Petrobras, é quem teria informado aos
dirigentes da empreiteira que as propinas deveriam ser pagas a Cabral e seus
associados. A denúncia também abrangia crimes de lavagem de dinheiro produto do
crime de corrupção e de ajuste fraudulento de licitações. A lavagem envolveria
valores de cerca de R$ 2,6 milhões. Nas alegações finais, a Procuradoria
defendeu que houve pagamento de cerca de 1% de vantagem indevida sobre o valor
do contrato de terraplanagem do Comperj, celebrado entre a Petrobras e o
Consórcio Terraplanagem, do qual participava a Andrade Gutierrez.
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