By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: TERRA – Imagem: Divulgação
O processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, que deve se encerrar nesta quarta-feira (31/08), põe fim a um capítulo da política brasileira que teve seu início oficial há cerca de nove meses.
O processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, que deve se encerrar nesta quarta-feira (31/08), põe fim a um capítulo da política brasileira que teve seu início oficial há cerca de nove meses.
Desde que, em 2 de dezembro, o então presidente da Câmara Eduardo Cunha
(PMDB-RJ) aceitou o pedido para destituir a presidente, o processo é
alvo de debate. Dilma responde pela publicação de decretos sem o aval do
Congresso e pelas chamadas "peladas fiscais", base do pedido de
impeachment.
Observadores alemães ouvidos pela DW se mostraram bastantes críticos
com relação ao processo de impeachment. A opinião geral é que o
mecanismo de destituição está sendo usado de forma "abusiva" e que há
lacunas no julgamento.
"Da forma que o processo está sendo conduzido, está se configurando um
abuso do mecanismo de impeachment. Vários pareceres demonstraram que não
houve crime de responsabilidade da presidente. Outros presidentes já
fizeram uso das pedaladas fiscais. A única diferença é a envergadura,
que foi maior sob Dilma", afirma Kai Michael Kenkel, pesquisador
associado do Instituto Alemão de Estudos Globais e Regionais (Giga), em
Hamburgo.
Para Thomaz Manz, diretor da Fundação Friedrich Ebert no Brasil, ligada
ao Partido Social-Democrata (SPD) da Alemanha, o processo à primeira
vista está seguindo o caminho das instituições. O problema, segundo ele,
é que os deputados e senadores não estão realmente interessados na
acusação, mas apenas em se ver livres de Dilma.
"No papel, o processo está sendo conduzido conforme o esperado,
seguindo os trâmites. O problema é o tema central, que é provar o crime
de responsabilidade. Da forma como as coisas estão andando, o processo
não passa de um pretexto para canalizar uma ação puramente política de
adversários da presidente - e não para provar se Dilma cometeu de fato
um crime", opina. "O impeachment é um mecanismo legítimo em uma
democracia, mas usá-lo dessa forma é um abuso."
Manz também critica o posicionamento público de muitos senadores.
"Durante essa fase do julgamento, os senadores deveriam se comportar
como juízes ou um júri, tentar mostrar algum tipo de neutralidade. Eles
teriam que ouvir os argumentos e tirar uma conclusão deles. Não é o que
está acontecendo. Muitos estão dando declarações sobre suas posições e
dizem que já está tudo decidido. Se colocaram contra a presidente desde o
início. É um jogo", diz.
Kenkel concorda que no papel a condução do processo de impeachment
parece legítima, mas também aponta que os senadores não se importam de
fato com a acusação de crime de responsabilidade e só estão buscando um
pretexto:
"É claro que não se trata de um golpe no sentido militar, como já
aconteceu anteriormente. Muitos analistas respeitados no Brasil mantêm a
opinião de que o processo está sendo conduzido conforme as
instituições, o que mostraria que a democracia está se fortalecendo. Só
que do ponto de vista de muitos observadores baseados em democracias
consolidadas, como na Alemanha, parece um retrocesso. Só porque o
processo está seguindo os caminhos institucionais não quer dizer que ele
é legítimo. É difícil apontar essas coisas em um ambiente polarizado.
Criticar o processo não significa apoiar o PT."
"O Brasil precisa de reformas"
Apesar de considerarem frágil a base jurídica da acusação, todos
apontam que a votação já está decidida. "É possível prever que Dilma vai
ser derrotada. Tal como aconteceu na Câmara, o Senado também tem se
mostrado resistente a fatos e a argumentos jurídicos", aponta Kenkel.
Já Dawid Bartelt, diretor da Fundação Heinrich Böll no Brasil, afirma que o processo é uma tática de mudança de poder.
"É simplório demais afirmar que tudo está correndo normalmente com o
processo porque ele conta com a supervisão do Supremo. Está bem claro
que o crime de responsabilidade não é a causa desse processo. Basta
pegar a fala da maior parte dos senadores e deputados, que nem sequer
mencionam o crime. O que está em marcha aqui é um processo de forçar uma
mudança de poder que não foi alcançada nas últimas eleições. Muitos
setores já estavam fartos do PT."
Segundo ele, num sistema parlamentarista a erosão da base de Dilma já
teria levado a novas eleições. Mas no sistema presidencialista, afirma,
não é assim: "A mensagem que fica desse processo é: sem base, nós vamos
te tirar do poder. Não se trata de crime de responsabilidade. Sou
pessimista quanto a tudo isso. O Brasil precisa de reformas, mas não
vejo como elas podem acontecer. O sistema ainda continua funcionando bem
para quem se beneficia dele." MATÉRIAS RELACIONADAS:
Sanders se diz 'preocupado' com impeachment de Dilma e pede que EUA apoiem trabalhadores brasileiros.
Senadores aprovam parecer, Dilma vira ré e vai a julgamento em plenário.
Senadores aprovam parecer, Dilma vira ré e vai a julgamento em plenário.
Senado dá início nesta semana ao julgamento do impeachment de Dilma.
Artistas e intelectuais estrangeiros divulgam manifesto contra impeachment de Dilma.
Artistas e intelectuais brasileiros lançam carta contra o impeachment.Artistas e intelectuais estrangeiros divulgam manifesto contra impeachment de Dilma.
Para 65% dos brasileiros, Dilma deve ser afastada definitivamente, revela pesquisa.
Dilma fala por 13 horas, defende mandato e diz que é vítima de golpe parlamentar.
Pó branco no Senado era açúcar, diz parlamentar.
OS COMENTÁRIOS NÃO SÃO DE
RESPONSABILIDADES DO INTERVALO DA
NOTICIAS. OS COMENTÁRIOS IRÃO PARA ANALISE E SÓ SERÃO PUBLICADOS SE TIVEREM
OS NOMES COMPLETOS.
FOTOS PODERÃO SER USADAS MEDIANTE
AUTORIZAÇÃO OU CITAR A FONTE
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.