By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: RPC
O Paraná é o terceiro estado com mais casos de estupros no país, segundo dados do Fórum de Segurança Pública. Em 2014, o estado registrou 3.913 crimes dessa natureza. No mesmo ano, Curitiba ficou com o quinto lugar entre as capitais com mais casos, com 773 ao todo.
Em 2015, conforme números da Secretaria de Segurança Pública (Sesp), os crimes de estupro continuaram crescendo. Foram 4.119 casos registrados pelas delegacias. Nos quatro primeiros meses de 2016, houve 1.307 estupros no estado.
Ainda de acordo com a polícia e com o Ministério Público, os números provavelmente não refletem a totalidade de casos no estado. O motivo é que muitas vítimas ainda sentem medo ou vergonha de denunciarem os abusos.
A delegada Sâmia Coser, da Delegacia da Mulher de Curitiba, explica que a unidade especializada trabalha 24 horas e está sempre aberta a receber as denúncias. “Nós temos uma equipe para dar atendimento à vítima de violência sexual e, a partir dessas informações que ela vai passar para nós, vamos fazer uma investigação. Ou seja, quanto antes ela procurar a polícia, mais fácil de a gente conseguir identificar e localizar essa pessoa. E ela vai ser presa e não vai fazer novas vítimas”, diz.
Em Curitiba, o Ministério Público do Paraná (MP-PR) mantém ainda o Núcleo de Apoio à Vítima de Estupro (Naves). O grupo de promotores presta assistência a vítimas com mais de 18 anos que sofreram esse tipo de agressão. Em dois anos de trabalho, o Naves atendeu a seis casos de estupros coletivos.
“São casos graves e que, além do atendimento jurídico, acompanhamento jurídico persecução penal [do acusado], nós também atendemos as vítimas. E as consequências são devastadoras”, explica a coordenadora do núcleo, Rosângela Gaspari.
Outra área do MP-PR que atende a situações semelhantes, é o Núcleo de Promoção da Igualdade de Gênero. A promotora Mariana Seifert Bazzo, que coordena a área, lembra que as leis que tratam da igualdade da mulher perante o homem, com punições mais rigorosas, ainda são muito recentes.
Segundo ela, é preciso principalmente uma mudança no comportamento das pessoas. “Quando nós vemos que, em 2016, ainda existe essa sensação de impunidade, essa demonstração de que o estupro é um crime natural, quando a gente ainda não percebeu que qualquer mulher precisa ser protegida, realmente, nós estamos aí com um atraso muito grande no combate à violência de gênero”, avalia.
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