By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: RÁDIO CBN – Imagem: Divulgação
Entre
os peixes, cherne, robalo e salmão têm valores estimados pela licitação
em 82, 63 e 41 reais o quilo. Somente de cherne, portanto, seriam mais
de R$ 13 mil. O lote total de pescados, que inclui seis tipos de peixe,
sai por quase R$ 33 mil.
Entre
as carnes vermelhas, as maiores quantidades são de carnes nobres, como
filé mignon e picanha, que somam 360 quilos, quase metade da quantidade
total, que inclui também alcatra e carne seca. Os produtos, segundo o
próprio governo, são para "atender às necessidades" dos gabinetes do
governador em exercício Francisco Dornelles e dos secretários que
trabalham no Palácio Guanabara, além de autoridades recebidas por eles.
No
edital publicado no dia oito deste mês, o governo pedia ainda seis mil
cápsulas de café compatíveis com máquinas de café expresso, que somavam
quase R$ 51 mil. No entanto, no dia 16, a Casa Civil desistiu de
adquirir, além do café, dez quilos de damasco e 65 de uva passa. Apenas
esses três produtos elevariam o gasto total da licitação para R$ 416
mil.
O
advogado e professor de Direito Administrativo e Gestão do Ibmec, Jerson
Carneiro, explica que a compra desses alimentos, apesar de não ser
ilegal, demonstra falta de ponderação do poder público ao simplesmente
manifestar interesse por produtos tão caros em um momento de crise
econômica.
“O
exemplo, ele deve vir dos gestores públicos. É um gesto simbólico. E se
não for feito isso será um acinte a inteligência do cidadão carioca.
Porque demonstra por parte do gestor público estadual a ausência do
controle interno da administração. Controle que ele tem que fazer porque
está pedindo paciência a todas as pessoas porque é momento de crise,
mas ele não está dando exemplo. O cidadão, a sociedade ou qualquer órgão
pode entrar com medida judicial para impedir que neste momento eles
gastem dessa forma”, disse.
Já o
presidente da Comissão de Orçamento da Alerj, Luiz Paulo, considerou
inadmissível a inclusão de carnes consideradas nobres na lista de
compras do Palácio.
“Não é
questão que isso represente uma economia brutal, mas tem um simbolismo
de mostrar que está todo mundo preocupado em fazer reduções de preços.
Principalmente aqueles que têm que dar o exemplo. Aqui no caso
específico a governança do estado. Você não pode nesta compra colocar
itens sofisticados e de preços elevados. Pode-se comer com qualidade com
alimentos de preços muito mais reduzidos”, contou.
Procurado,
o governo do estado disse que fez a licitação para registro de preços,
mas não tem a obrigatoriedade de comprar todos os itens, nem a
quantidade estimada. A Casa Civil afirmou ainda que a compra poderá ser
feita ao longo do período contratual e de acordo com as necessidades e
disponibilidade orçamentária. A previsão de déficit para 2016 é de cerca
de R$ 20 bilhões, segundo a Secretaria de Fazenda.
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