By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: BBC – Imagem: Divulgação
Os mesmos argumentos legais que
levaram os Estados Unidos a punir dirigentes da Fifa por atos de
corrupção praticados em outros países deverão ser usados pelo governo
americano para processar empresas brasileiras condenadas na Operação
Lava Jato, diz o ex-assessor da Casa Branca Joel Velasco.
Em
entrevista à BBC Brasil, Velasco - que trabalhou com o
ex-vice-presidente Al Gore e serviu como conselheiro sênior na embaixada
americana no Brasil no governo Bill Clinton - afirma que a operação
brasileira representa um caso sem precedentes para autoridades dos
Estados Unidos.Procuradores brasileiros e americanos têm trocado informações sobre a Lava Jato há algum tempo e, por enquanto, sabe-se que o Departamento de Justiça dos EUA investiga o papel da Petrobras no escândalo.
Mas Velasco também defende um ponto polêmico: que, em algum momento, coloque-se um "ponto final" nas investigações da Lava Jato.
"Assim como no fim da ditadura tivemos de reconhecer os erros, prometer nunca mais repeti-los e perdoar os que erraram, no caso da Lava Jato isso vai ser necessário. De chegar num momento em que se diga que investigamos o que deu, que certamente houve outros erros, mas que os maiores culpados estão pagando e é importante que o Brasil comece uma nova fase."
Para Velasco, é questão de tempo até que as autoridades americanas batam à porta de todas as subsidiárias da petrolífera e construtoras implicadas no caso. Dezenas de empresas estão envolvidas na operação, entre as quais algumas das maiores empreiteiras brasileiras. Várias delas já tiveram dirigentes presos e condenados pela Justiça no Brasil.
O Foreign Corruption Practices Act (legislação nos EUA que trata da corrupção de empresas no exterior) e outras leis permitem ao governo americano processar qualquer companhia estrangeira por atos de corrupção executados fora dos Estados Unidos, desde que a empresa tenha algum vínculo - ainda que mínimo - com o país.
A condição, segundo Velasco, se aplica a quase todas as companhias denunciadas na Lava Jato. As investigações, diz ele, deverão render às empresas multas altíssimas nos Estados Unidos, além das que, eventualmente, sejam condenadas a pagar no Brasil.
Nascido nos EUA, Velasco é filho de brasileiros e passou boa parte da juventude no Brasil. Hoje ele é vice-presidente do Albright Stonebridge Group, uma consultoria baseada em Washington.
Leia aqui os principais trechos da entrevista.
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