By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: EXTRA – Imagem: Divulgação
O vídeo que mostra um menino derrubando móveis e objetos na sala de
uma escola tem gerado enorme comoção nas redes sociais. A cena foi
registrada por funcionários da escola, que nada fizeram. “Deixa ele, a
gente não pode bater nele ou segurá-lo”, diz uma funcionária. “Quero
saber da orientação educacional, da assistência social, o que a gente
faz com uma criança dessas?”, questiona outra. No fim das contas, os
professores ameaçam acionar a polícia.
Somente em uma página do
Facebook, o vídeo foi compartilhado mais de 100 mil vezes por
internautas indignados e divide opiniões. "Acho que nem os pais dessa
criança têm domínio sobre ele. Que absurdo, meu Deus", escreveu um
deles. "Total despreparo dos educadores. Ninguém manda parar e ainda
estão incentivando a quebradeira", escreveu outro.
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O
caso ocorreu na Escola Municipal Paulo Freire, localizada na cidade de
Macaé. De acordo com a Secretaria de Educação do município, o menino tem
7 anos e é aluno do 1° ano do Ensino Fundamental. A secretaria não
informou quando o caso ocorreu, mas disse que soube do fato nesta
quarta-feira. Segundo o órgão, não há registros de problemas anteriores
com o estudante.
Além disso, a Secretaria de Educação informou que “solicitou à
Procuradoria Geral do Município a abertura de um inquérito
administrativo para a apuração dos fatos”. Segundo o órgão, a direção
geral ficará afastada da escola enquanto as investigações estiverem em
andamento. Também informaram que assistentes sociais foram à residência
do menino para oferecer apoio à família, e que ele terá acompanhamento
de profissionais da equipe multidisciplinar na escola a partir desta
quinta-feira.
Especialistas questionam conduta dos funcionários
A
pergunta feita pela funcionária da escola sobre o que fazer com o
menino divide opiniões entre especialistas. De acordo com o
desembargador Siro Darlan, ex-coordenador da Comissão Judiciária de
Articulação das Varas da Infância e Juventude e Idoso, não existe uma
receita a ser seguida pelos funcionários diante de uma situação como
essa, mas é categórico ao afirmar que a violência nunca é a melhor
opção.
— Em uma situação como essa, o ideal é esperar a criança se
acalmar e oferecer uma resposta de acolhimento. Em vez de puxá-la com
força, é preciso abraçá-la. Provavelmente o menino está acostumado à
violência e espera que os funcionários da escola o tratem desta forma.
Mas, se é surpreendido com uma ação diferente, pode mudar o seu
comportamento — defende.
Para Darlan, a falta de reação dos funcionários reflete uma falta de
orientação educacional e preparo adequados. Segundo ele, os professores
não podem abrir mão de sua autoridade pedagógica.
— O educando
testa o educador a todo momento. A juventude é contestadora, e não
passiva. Cabe aos professores, através de técnicas aprendidas nas
universidades, controlar, dialogar e se aproximar dos alunos — diz.
A
professora Miriam Paura, pedagoga da Universidade Estadual do Rio de
Janeiro (UERJ), acredita que a conduta adotada pelos funcionários da
escola foi “erradíssima”.
— Não se educa deixando os alunos
fazerem o que querem. Os pais e educadores devem estabelecer limites
para as ações das crianças. Deveriam ter o retirado da sala e conversado
com ele, dito que não estava certo. Ele pode não entender hoje ou
amanhã, mas um dia começa a entender. Se o caso é mais sério, o ideal é
que os pais levem a criança até um médico para que, junto com a escola,
ajude a resolver o problema — explica.
Para o especialista em educação Cláudio de Moura e Castro, a
indisciplina é um problema sistêmico no país, onde existe uma confusão
entre autoridade e autoritarismo.
— Sem autoridade, nenhuma
organização funciona. O que acontece é que esses funcionários são partes
de um sistema. Eles não têm autoridade ou autonomia para se rebelarem
individualmente contra a incapacidade da escola de lidar com
indisciplina. É um problema sistêmico, estrutural. O pensamento
educacional é incapaz de entender que há limites que não podem ser
ultrapassados. Criou-se uma enfermidade social, uma permissividade que é
disfuncional em qualquer país do mundo — defende.
O especialista defende que, para mudar o cenário, deve haver uma “tomada de consciência coletiva”.
—
Acho que a mudança deve começar pelas secretarias de educação, pelos
diretores e professores, que devem dar um basta na situação. Os
conselhos tutelares e juizados também devem ser parte do processo —
argumenta.
Assista
aqui o vídeo.
Leia a nota da Secretaria de Educação de Macaé na íntegra:
“A
secretaria de Educação solicitou, junto à Procuradoria Geral do
Município, a abertura de um inquérito administrativo para apuração dos
fatos sobre a exibição do vídeo do aluno, de 7 anos, do 1º ano do Ensino
Fundamental da Escola Municipal Paulo Freire, localizada no bairro
Lagomar, que foi divulgada nas redes sociais. Baseado na solicitação da
abertura do inquérito, para apuração isenta dos fatos, foi recomendado o
afastamento da direção geral da unidade municipal.
As
assistentes sociais da secretaria de Educação foram até a residência do
aluno para oferecer apoio necessário à família. O estudante terá
acompanhamento dos profissionais da equipe multidisciplinar na unidade
escolar, a partir desta quinta-feira (29).
O secretário
de Educação, Guto Garcia, que ficou ciente do caso nesta quarta-feira
(28), adotou, de imediato, as providências necessárias. Ele destacou que
o vídeo confirma a preservação da integridade física do aluno e que não
há registros de problemas anteriores com o estudante.
A
Prefeitura de Macaé lamenta o fato ocorrido e ressalta que a rede
municipal de ensino trabalha em prol do bem-estar dos alunos.”
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