By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: Paulo Henrique Sava (Rádio Najuá) – Imagem: Paulo Henrique Sava (Rádio Najuá)
Durante o evento, houve apresentações do Grupo de Cantos João Paulo II, que interpretou algumas canções religiosas, e do Grupo Folclórico Vesselka, que fez algumas apresentações de danças típicas. Alunos do curso de Letras da Unicentro fizeram declamações de poesias em português, polonês e ucraniano.
Além disso, os professores José Adilçon Campigoto e Regina Chicoski lançaram o livro “Brasil – Ucrânia: Linguagem, cultura e identidades”, que estará à disposição na Biblioteca da Unicentro e na Biblioteca pública municipal.
Crise na Ucrânia
O principal tema de discussões do Fórum de Cultura Eslava foi a situação política na Ucrânia. A Mestre em História pela Universidade Católica Ucraniana de Lviv, Oksana Jadvizak, falou sobre os momentos de tensão que ela viveu na Universidade. Ela conta que estudantes de jornalismo da instituição saíram às ruas para protestar contra a anexação de parte do território da Ucrânia à Rússia.
“Incitados pela mudança de planos do ex-presidente da Ucrânia, que se elegeu com uma plataforma pró-integração e antes da assinatura de convênio com a União Européia. O presidente preferiu manter um acordo com a Rússia do que entrar na União Européia. Por isso, os estudantes foram às ruas”, afirmou Oksana.
Segundo ela, os estudantes estavam lutando por uma boa causa, pois se eles ficassem do lado da Rússia, reforçaria ainda mais o poder dos russos sobre a Ucrânia, que de acordo com Oksana, é um país teoricamente independente. Ela falou um pouco a respeito do movimento. “Quando o movimento já se arrefecia, em 16 de janeiro, o Parlamento acabou aprovando, a pedido do ex-presidente, um pacote de leis draconianas que impediam na prática o exercício democrático de manifestação. Novamente, o movimento toma conta do país, crescendo no leste e no sul da Ucrânia. A resistência, que antes era popular, agora se tornou política”.
Segundo Oksana, com isso, o poder ucraniano foi obrigado a revogar as leis draconianas e assina um pacto com a oposição. Entretanto, o ex-presidente Viktor Yanukovych resiste à diminuição dos seus poderes em favor do parlamento, com o retorno da Constituição de 2004. Com isso, ele ordenou a repressão contra os manifestantes.
Professores lançam livro
Durante o Fórum de Cultura Eslava, os professores José Adilçon Campigoto, do Departamento de História, e Regina Chicoski, do Departamento de Letras da UNICENTRO, lançaram o livro “Brasil-Ucrânia: linguagem, cultura e identidades”, que reúne dados de pesquisas realizadas por docentes e acadêmicos da instituição sobre os descendentes de ucranianos e poloneses na região. “É com uma alegria muito grande que o nosso grupo do Núcleo de Estudos Eslavos e o grupo de pesquisa ‘Língua, História e Literatura Ucraniana’, juntando toda a pesquisa feita nos últimos tempos, organizou este livro”, frisou Regina.
Ela conta que o grupo obteve financiamento do MEC para custear o livro, que é resultado das pesquisas do NEES e de seus parceiros na Ucrânia, que juntaram seus esforços para a edição do livro. “Espero que vocês gostem e que sirva para contribuir mesmo com as questões discutidas aqui na região”, finalizou Chicoski.
Fórum
Durante os pronunciamentos, a anfitriã do evento e coordenadora do Núcleo de Estudos Eslavos do Campus de Irati, Professora Marileia Gartner, falou sobre sua satisfação em receber a todos para a realização deste fórum. “O Fórum foi pensado como um momento para nós podermos discutir e interagir com algumas concepções e ideias referentes à cultura e a história eslava, como também apreciarmos alguns elementos da nossa cultura e arte eslava”, ressaltou.
Mariléia disse ainda que, sem as parcerias, a realização do Fórum não seria possível. “Eu quero lembrar que todos os elementos que estão nesta casa hoje, no Auditório Denise Stoklos, só estão porque esta comunidade maravilhosa de descendentes de poloneses e ucranianos se organizou para estar aqui e fazer esta noite acontecer”. A professora se referiu tanto às apresentações artísticas e palestras quanto à decoração do ambiente, feita pela Divisão de Extensão da Unicentro.
A presidente do núcleo de Irati da BRASPOL, Nelci Pabis, agradeceu o convite para participar do evento e apresentou um pouco do trabalho feito pela entidade na região. “Todos nós sabemos que o número de imigrantes poloneses que veio para esta região foi bastante grande, assim como de ucranianos também, e os imigrantes e seus descendentes contribuíram muito para a construção da identidade do povo brasileiro”, frisou. “Nós precisamos reverenciar a memória e saber o legado que nos foi deixado”, completou.
Em seu pronunciamento, o presidente da Representação Ucraniano- Brasileira, Vitório Soratiuk, ressaltou a importância da realização de um fórum deste porte em uma instituição como a Unicentro. “Eu acho que é assim que se constrói uma Universidade com U maiúsculo, produzindo conhecimento mas inserida na comunidade em que reside, onde tem comunidades expressivas de ucranianos e poloneses”, frisou Soratiuk.
Ele também parabenizou a universidade pela criação do Núcleo de Estudos Eslavos. “Se fosse só um núcleo de estudos ucraniano ou polonês, eu acho que não cresceria tanto e não se firmaria como está se firmando este Núcleo de Estudos Eslavos. Eu estive esta semana lá na UNILA (Universidade Latino Americana), que é federal e foi construída em Foz do Iguaçu, e sugeri a eles que criassem um núcleo com o mesmo modelo daqui, com o objetivo de expandir esse trabalho que vem sendo feito aqui em Irati”, finalizou Soratiuk.
Após os pronunciamentos, foi realizada a abertura da exposição de imagens “Los Monumentos a Taras Shevchenko en El Mundo”, de autoria de Ruslan Telpiskyj, da Ucrânia. De acordo com Ruslan, ao todo, Taras Shevchenko tem mais de mil monumentos espalhados por todo o mundo. O fotógrafo afirmou que irá visitar outras obras do escultor na América Latina nesta semana.
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