By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: Cidade News Itaú
Um
pecuarista de 46 anos foi indiciado pelos crimes de tortura e injúria
por ter agredido o filho adolescente em Três Lagoas, a 338 km de Campo
Grande. De acordo com a Polícia Civil, a família afirma que o pai não
aceita a homossexualidade do garoto.“É uma violência absurda pautada
pela homofobia”, resume o delegado responsável pelas investigações,
Paulo Henrique Rosseto de Souza. O suspeito permaneceu calado durante o
depoimento.
Conforme
divulgado pela Polícia Civil, as agressões aconteceram na madrugada de
segunda-feira (29). A mãe do adolescente contou aos policiais que o
marido bateu no filho e tentou trancá-lo em um quarto sem energia
elétrica porque não aceita a opção sexual do garoto.
A
mulher relatou à Polícia Civil que o pecuarista bateu no rosto do
menino, o derrubou no chão, subiu em cima dele, continuou a agredi-lo
com socos e tapas e dizia que ele tinha que apanhar porque era gay.
Diante
da situação, irmãos do adolescente e a mãe o levaram para a casa da
avó, onde foi novamente agredido pelo pai que chegou ao local em
seguida. De acordo com as declarações da mulher à polícia, o pecuarista
deu socos e pontapés no adolescente, bateu a cabeça dele no chão e dizia
que o filho estava "endemoniado".
Ainda
conforme a Polícia Civil, o próprio agressor levou o menino ao hospital e
no caminho amarrou uma corda na perna do garoto, ameaçou jogá-lo do
carro e arrastá-lo na rua caso não mudasse a opção sexual.
O
Conselho Tutelar foi acionado e encaminhou mãe e filho à Polícia Civil
já pela manhã. O hospital não avisou a Polícia sobre a violência e,
segundo o delegado Paulo Henrique Rosseto, será apurado porque a unidade
de saúde não fez a comunicação.
A
mulher do pecuarista alegou também ter sido agredida verbalmente pelo
marido e pediu medidas protetivas para que o esposo não se aproxime dela
nem do filho. O pedido está em análise pelo Poder Judiciário. Conforme o
delegado, o agressor já saiu da residência onde morava com a família.
Situação grave
Conforme
o delegado, o adolescente fez exame de corpo de delito e está com
lesões no rosto e nas pernas. Os machucados poderiam ter sido mais
graves, caso a mãe não tivesse tirado o filho de casa, levando em
consideração que o pecuarista pesa mais que o dobro que o filho. "O pai
tem 120 quilos e o filho, 50 kg", fala a autoridade policial.
De
acordo com Paulo Henrique Rosseto, o conflito na família existe pelo
menos desde o ano passado. “A situação se arrasta há certo tempo. Há
alguns boletins de ocorrência desde 2012. São ameaças, violência
doméstica”, diz, explicando que o pecuarista ainda não havia sido punido
porque as vítimas decidiam não dar continuidade aos procedimentos.
Para o
delegado, a violência do pai ao filho por ele ser homossexual é
“situação do século passado”. “A opção sexual é direito de cada um e
deve ser respeitada”.
Paulo
Henrique Rosseto explica que o Código Penal não tipica homofobia como
crime, mas, pela descrição da situação, as agressões aconteceram porque o
pai não aceita a opção sexual do filho.
Vítimas
e testemunhas já foram ouvidas pela Polícia Civil. O pecuarista foi
chamado para depoimento, mas, optou por ficar em silêncio. Ele foi à
delegacia acompanhado de advogado.
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