By: INTERVALO DA
NOTICIAS
O Ministério Público Estadual decidiu ontem suspender por 60 dias todos
os processos de licenciamento para construção de PCHs (Pequenas Centrais
Hidrelétricas) no Paraná. Durante este período, uma equipe de
promotores ficará confinada numa sala do Instituto Ambiental do Paraná
(IAP) – da qual, até foi trocada a fechadura para que nem mesmo
servidores do órgão tenham acesso a ela – para apurar denúncias de
tráfico de influência na concessão de licenças envolvendo o secretário
estadual do Meio Ambiente, Jonel Iurk, diretores do IAP e empresas
familiares.A investigação foi iniciada a partir de denúncias desta coluna na
edição de 27 de setembro último e em reportagens publicadas por este
jornal em datas posteriores. Informava-se, então, que uma das
autorizações concedidas previa a implantação de uma usina numa fazenda
de propriedade do secretário Jonel Iurk. Além disso, no emaranhado de
correlações familiares e societárias entre o secretário e diretores do
IAP, funcionava também uma empresa de engenharia, a Titanium, cujo
titular é um filho de Iurk, e que opera no ramo de projetos e
licenciamentos de pequenas hidrelétricas. O secretário Jonel Iurk contestou as informações. Além de dar
explicações ao governador Beto Richa, enviou notas de repúdio ao jornal
e, por fim, tomou a iniciativa de apresentar defesa prévia no Ministério
Público. Os promotores, no entanto, encontraram motivos suficientes
para aprofundar as investigações. “Tal medida se justifica pelo fato da
constatação posterior de irregularidades, na concessão de licenças
ambientais, ensejar a responsabilização dos agentes públicos pela
prática de ato de improbidade administrativa”, assina a promotora Maria
Lucia Moreira no ofício que encaminhou ao presidente do IAP. Enquanto isso, a Assembleia Legislativa aprovava ontem, por 29 votos a
11, a constitucionalidade do anteprojeto de lei encaminhado pelo
governador Beto Richa em março deste ano autorizando a construção de dez
PCHs no Paraná – inclusive a de nome “Enxadrista”, localizada na
fazenda da família do secretário. O deputado Luiz Eduardo Cheida (PMDB), presidente da Comissão de
Ecologia e Meio Ambiente, deu parecer contrário e pediu o adiamento da
votação. Não conseguiu convencer a maioria, mas apresentou requerimento
solicitando ao governo esclarecimentos sobre a pressa com que está
agindo para permitir a implantação das usinas. A pressa não é condenável
– mas soa estranho que alguns passos legais tenham sido atropelados e
que informações incompletas tenham sido repassadas à Assembleia.
Diante de tanta obscuridade, o presidente do IAP, Luiz Tarsicio
Mossato Pinto, comprometeu-se a comparecer à Assembleia na próxima
segunda-feira. Em outubro, o secretário do Meio Ambiente assumiu o mesmo
compromisso, mas acabou preferindo apenas enviar uma “nota de
esclarecimento” lida por um deputado. Em seguida, procurou o Ministério
Público.
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