Um homem de 111 anos, morador de Santo Antônio do Descoberto, cidade no
Entorno do Distrito Federal, guarda em casa, desde 2003, o caixão em
que quer ser enterrado. À espera da morte, o maranhense Leocádio
Rodrigues de Lima também separou a calça, o paletó e a gravata que quer
usar no próprio velório. "Comprei o caixão para poder ficar dentro quando eu morrer", disse o
aposentado, que pagou R$ 950 pela urna funerária guardada num barraco no
quintal da casa onde mora. O caixão divide espaço com telhas, caixas e
madeiras. De acordo com a aposentada Maria Lúcia Cardoso, que toma conta de Lima,
o caixão está tão velho que não poderá mais ser usado. Ela disse que o
maranhense chegou a "provar" o caixão várias vezes na época da compra. Ele ficava lá dentro com o travesseirinho para ver se era
confortável", disse Maria Lúcia. "Agora ele fala, brincando, que vai
usar o caixão para plantar cebola, mas tem outro igual reservado na
funerária para quando ele morrer." Apesar de estar se preparando para a morte há pelo menos nove anos,
Lima diz ainda ter planos de vida. "Quero ter meia dúzia de namoradas e
mais uns quatro filhos", afirmou. A mais velha dos dois filhos vivos de Lima, Isabel da Rocha, de 83
anos, disse que o pai chegou a Brasília em 1957, antes da inauguração da
cidade. Ele começou trabalhando com a derrubada de árvores na área que
hoje é ocupada pelo Lago Paranoá, criado artificialmente no período da
construção da nova capital federal. Quando vim para Brasília eu fazia todo o desmatamento do lugar onde
fica aquele lago. Tirava a madeira que depois era levada para a Novacap
[Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil]. Depois, fiz
tijolos", disse Lima.
Desejos
Apesar do estado de saúde estável e de nunca ter tido problemas
cardíacos, Lima não enxerga nem ouve bem e sofre de um problema na
próstata que o obriga a usar uma sonda para urinar. Há dois anos ele deixou de andar sozinho. As caminhadas entre os cinco
cômodos da casa e em direção ao quintal são feitas com a ajuda de Maria
Lúcia. A filha Isabel só consegue mover o pai quando ele é colocado numa
cadeira de rodas, doada. "Tenho fé que ainda volto a caminhar sozinho,
com os poderes de Deus", disse Lima. "O que eu mais queria na minha vida? Queria voltar a tocar sanfona,
dançar, ter os meus cavalos na roça e os meus companheiros para
conversar, só que eles não aparecem mais. Também tocava taboca [pífano]
com meus companheiros, mas eles desapareceram, morreram", afirmou.
By: INTERVALO DA
NOTICIAS
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.