By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Divulgação
Em
relato prestado aos investigadores da Lava Jato, o ex-diretor de relações
institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho, detalhou como repassava
propina ao PMDB no Senado em troca de apoio a propostas de legislação de
interesse da empresa.
Cláudio afirma que o
“núcleo dominante” no Senado tem a cúpula formada por Romero Jucá (RR), Renan
Calheiros (AL) e Eunício Oliveira (CE).
“Esse
grupo é bastante coeso com suas atuações e possui enorme poder de influência sobre
outros parlamentares, com a capacidade de praticamente ditar os rumos de
algumas matérias dentro do Senado”, disse.
Cláudio afirma que
Jucá, que recebeu o codinome de “caju” dentro da Odebrecht, centralizava o
recebimento de pagamentos e distribuía os valores internamente no grupo do PMDB
do Senado – especificamente a Renan, que tinha o codinome de “justiça” – e
Eunício, de codinome “índio”.
Cláudio afirmou que os
fatos narrados por ele no acordo de delação estavam fundamentados em uma
certeza: “todo apoio” à Odebrecht dado por Jucá, teria, nos momentos de
campanha, “uma conta a ser paga”.
“As insinuações não
deixavam dúvidas de que, no momento certo, ele seria demandado pelo
parlamentar. E que a maior parte das demandas ocorria em períodos eleitorais”,
disse.
O ex-diretor da
Odebrecht afirmou que estava entendido que “os apoios aos pleitos da empresa
seriam posteriormente equacionados no valor estabelecido para contribuição a
pretexto de campanha eleitoral, fosse ela realizada de forma oficial ou via
caixa 2”.
Cláudio afirmou que ao
longo dos anos participou de pagamentos a Romero Jucá que hoje superam R$ 20
milhões. Disse também que teve conhecimento que esses valores eram
centralizados em Jucá e, posteriormente, redistribuídos em seu grupo no PMDB.
O senador Romero Jucá
informou que desconhece a delação, mas negou que recebesse recursos para o
PMDB. O senador disse que está à disposição da Justiça para esclarecimentos.
Cláudio Melo Filho
disse ainda que, em 2014, em reunião na residência oficial do Senado, Renan
Calheiros disse a ele que o filho seria candidato ao governo de Alagoas e lhe
pediu expressamente que verificasse se a Odebrecht poderia contribuir.
Afirmou também que o
pedido de pagamento de campanha era uma contrapartida para o forte apoio dado à
renovação de contratos de energia que culminou com a edição da MP 677, de 2015.
Cláudio afirmou que
posteriormente foram doados R$ 320 mil a pretexto de campanha. No mesmo
período, foi informado que haviam sido doados R$ 1,2 milhão para obra no sertão
alagoano.
O senador Renan
Calheiros informou que jamais credenciou, autorizou ou consentiu que terceiros
falassem em seu nome em qualquer circunstância. Ele reiterou que é zero a
chance de se encontrarem irregularidades em suas contas pessoais ou eleitorais.
Para
Eunício Oliveira, Cláudio afirma que foram repassados aproximadamente R$ 2,1
milhões. O valor foi dividido em duas parcelas, sendo uma paga em Brasília e a
outra em São Paulo entre outubro de 2013 e janeiro de 2014.
Eunício informou que
todos os recursos da campanha dele ao Senado foram recebidos e declarados de
acordo com a lei e aprovados pela Justiça Eleitoral. O senador acrescentou que
nunca autorizou ninguém a negociar em seu nome recursos para favorecer empresas
públicas ou privadas.
O ex-diretor listou
pelo menos 11 medidas provisórias e três projetos de lei defendidos pelo núcleo
do PMDB no Senado que interessavam à Odebrecht. Eles se referem, entre outras
coisas, à redução de impostos para construtoras, parcelamento de dívidas com o
governo, incentivos e desonerações para a indústria petroquímica e estrutura o
sistema brasileiro de defesa da concorrência.
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