segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Pais aguardam 04 dias na fila por vaga em creche em Rio Azul



By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: Rodrigo Zub (Radio Najua) Imagem: Rodrigo Zub (Radio Najua)

Cansaço físico, psicológico, fadiga muscular, condições adversas de tempo e temperatura. Moradores de Rio Azul enfrentaram uma verdadeira batalha para conseguir uma vaga no Centro Municipal de Educação Infantil Anibal Khury. Quatro dias e quatro noites, esse foi o período que 21 famílias tiveram que permanecer nas filas para garantir um lugarzinho no único espaço que oferece vagas para crianças menores de três anos no município. Quem não fez esse esforço e não enfrentou essa peregrinação terá que esperar numa fila de espera. Com isso, irá depender do poder público criar condições de que seus filhos possuam um local para ficar, enquanto trabalham e garantem o sustento de seus lares.  
Relato dos pais
Na noite de domingo, 4, a reportagem da Najuá, esteve acompanhando de perto o sofrimento de pais e familiares que já estavam há mais de 72 h nas filas. O semblante frio e os rostos abatidos e cansados mostravam o sinal da batalha. Alguns estavam sentados em cadeiras, outras procuravam se divertir jogando truco ou degustando um “mate” numa roda de bate papo com amigos. Cada pessoa encontrava seu jeito de passar o tempo em torno de seu objetivo. Um desses casos foi do morador, Denilson Ferreira, que relatou a triste realidade dele e de outros rio-azulenses, pais de família. “Estou desde quinta-feira aqui. Cheguei às 8 h da manhã, mas teve algumas pessoas que estavam desde as 4 h. Isso é uma falta de consideração pelo ser humano. Não teve nenhuma pessoa responsável pelo poder público municipal que veio aqui perguntar se alguém precisava de ajuda”, indagou. Ferreira que conseguiu a única vaga ofertada para o Jardim 1- (disponibilizada para crianças até três anos), utilizou seu próprio veículo para pernoitar durante as quatro noites. Como trabalha durante o período diurno, ele contou com a ajuda da esposa e de familiares para revezar na fila. As fortes chuvas dos últimos dias foram o principal empecilho e dificuldade enfrentada pelos pais, relata Ferreira. “Isso dificultava a situação de pessoas que pernoitaram em barracas. Outro problema é que não tínhamos sequer um banheiro para nossas necessidades básicas”, questiona.  
Medidas paliativasPai de uma menina de um ano e meio, o administrador de empresas, Josué Amorim, diz que uma solução paliativa neste caso seria o município disponibilizar no mínimo mais três salas, quantidade suficiente para atender a demanda em Rio Azul. Segundo relatos das pessoas que aguardavam nas filas, cerca de 40 crianças buscam uma vaga na creche rio-azulense.
Solução
O administrador de empresas conta que alguns vereadores estiveram acompanhando o sofrimento dos pais. De acordo com Amorim, os legisladores se mostraram propensos em ajudar, principalmente reivindicando junto ao poder executivo soluções imediatas para o caso. No entanto, Amorim destaca que os pais estão indignados e cheios de promessas que não são cumpridas. “A construção de três novas salas resolveria o problema. Isso é fácil de ser solucionado, mas precisa ser feito não só analisado. Aqui temos somente uma creche para atender a necessidade da população. Educação é um direito de todos. Hoje a lei é para todos e isso não está sendo cumprido em Rio Azul”. Amorim diz que a luta dele e de outros pais é para que o mesmo problema não volte a se repetir nos próximos anos. “Tem muita gente que veio aqui e já tinha perdido a vaga. A única solução para eles é aguardar e ficar na fila de espera. Não podemos admitir isso daqui pra frente, principalmente dos próximos líderes do município. Na realidade estamos indignados. Porque enfrentamos quatro dias na chuva, acampado em barracas, alguns dormindo em carros, isso é um descaso com o ser humano”, complementa. Vale destacar que são ofertados no Centro Municipal de Educação Infantil Anibal Khury 21 vagas, 10 para crianças do Maternal 1 e Maternal 2, e uma vaga para o Maternal 3.
Posicionamento do executivo

Procurado para comentar sobre o assunto, o prefeito de Rio Azul Vicente Solda, disse que ocorreram algumas mudanças no processo de admissão das crianças na creche rio-azulense.  Segundo ele, anteriormente o Centro Municipal de Educação Infantil era administrado pela secretaria de Ação Social, que fazia uma triagem beneficiando as famílias carentes e casos de mães que trabalham e precisam deixar seus filhos na creche.  “Agora a pasta de educação assumiu a administração da creche. Com isso é por vez, quem chega antes consegue a vaga. Não temos como mudar esse critério senão sobraria pra gente”, explicou o prefeito.
Fila de espera é menor, questiona prefeito
Solda rebateu as críticas dos pais dizendo que apenas sete crianças estão na fila de espera. Ele ainda argumentou que atualmente 70 crianças são atendidas pelo município. “O barulho é maior que a demanda. Se fizermos levantamento em Irati e Ponta Grossa, por exemplo, a demanda de Rio Azul é pequena”.
Construção de nova creche
O prefeito lembra que está prevista a construção de uma creche para atender aproximadamente 120 crianças em dois turnos. O projeto já foi licitado e a edificação do novo espaço que irá funcionar na Vila Diva, deverá ter início nos próximos dias, diz Solda. Para ele, outra solução seria investir na construção de creches particulares. Solda ainda solicitou para que os pais com melhores condições financeiras dêem preferência para as famílias carentes. “Quanto mais crianças têm mais espaço serão usados, principalmente pela forma que é administrada as creches, com higiene, pelo atendimento e cuidados dos profissionais que ali estão. Também vai do bom senso das mães que podem pagar uma babá para que contratem esse profissional. Entendemos que a saúde pública é um direito de todos, mas o problema das filas foi criado por pessoas que querem tirar o lugar do mais pobre. Tinha gente nas filas tomando wiski e fazendo churrasco. Se fosse bem pobre não fazia isso”, disse Solda. Na opinião do prefeito de Rio Azul, a construção da nova creche dará condições para suprir 100% da demanda do município. “Nunca vai ter 100% de atendimento. Com a construção da nova creche serei um vigilante. Construir é fácil, mas o difícil é manter tudo isso. Essa semana inicia a nova creche e até julho estará em funcionamento. Ela será referência e não terá nenhuma criança fora da creche”, relata.



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