quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

PARANÁ CLUBE 20 ANOS DE HISTORIA


Faz 20 anos; parecem 100. No dia 8 de dezembro de 1991, o clube “que nasceste gigante” – conforme a estrofe inicial do seu hino – fazia jus à fama. Com apenas duas temporadas em campo, o Paraná desbancava a dupla Atletiba para erguer o primeiro troféu. Um Couto Pereira aparentemente muito mais lotado do que do que os 22.952 torcedores anunciados testemunhou o título. O ga­­tilho de uma hegemonia. O ápice de um clube hoje em derrocada. O Tricolor era o caçula em um cenário com tradição por todos os lados. A 77ª edição do Campeonato Paranaense contava com o recorde de 24 equipes e o interior assustava com a força de clubes como Ope­­rário, Grêmio Maringá, Londrina e Cascavel. Além, claro, de Atlético e Coritiba. Mas, após 26 jogos, 17 vitórias, 5 em­­pates, 4 derrotas, 52 gols a favor e 20 contra, todos foram relegados à espectadores de uma festa que se re­­petiria até 1997 – com exceção do título do Londrina em 92. Ano no qual os paranistas se preocuparam mesmo em festejar a conquista da Série B. A primeira taça era o álibi que talvez faltasse para colorados e pinheirenses assumirem de vez o novo formato da sua paixão, então apoiada em uma grande torcida e um patrimônio invejável. No campo, uma equipe forte. “Tecnicamente era um time muito bom. Sem falsa modéstia, nos dois primeiros anos o Paraná teve os times mais fortes da sua história”, lembra Serginho Cabeção. “Apesar de serem jogadores de bastante talento, no cenário nacional não eram tão conhecidos. E o Paraná fez isso, valorizou os atletas”, relembra Adoílson, jogador com o registro número 1 do clube. “Eu estava no Grêmio Maringá e o meu preparador, Carlinhos Neves, disse que se eu mantivesse o ritmo ele iria me levar para um clube novo. Não acreditei, achei que ele só queria que eu treinasse mais [risos]. Não é que era verdade?”, relembra. Talento à parte, personagens daquela campanha exaltaram outra qualidade da equipe: empatia. “O clima era muito bom. Um time unido de verdade, um lutava pelo outro”, relembra Adoílson. União que extrapolava o time. “Nós nos cobrávamos muito, às vezes partíamos para a ignorância nos jogos. Dávamos broncas homéricas uns nos outros. Mas éramos tão unidos que todos sabiam que era para o bem”, endossa Serginho, o “tesoureiro” do elenco. Ele cuidava da famosa “caixinha” onde cada jogador doava parte do bicho (prêmio por jogo) e cujo valor era rateado com todos os funcionários, da rouparia ao jardineiro, criando uma cumplicidade coletiva. E a tal da caixinha jamais esteve vazia. “O pagamento não atrasou nem um dia sequer. Os prêmios eram pagos religiosamente”, revela o co­­mandante da época, Otacílio Gon­­çalves. Dinheiro, até então, não era problema – e sim a solução. “Ganhamos até o ‘bicho molhado’ [pago no vestiário após a volta olímpica no Alto da Glória]”, relembra Ednélson. Ex-Colorado, ele era o único formado na base e titular naquela tarde ensolarada de domingo. Se perdesse, o Paraná teria de encarar jogos decisivos contra o Atlético. “Na preleção, Otacílio exaltou a campanha toda, como foi difícil a disputa dos pontos corridos. Mas que estávamos ali para coroar todo esforço, pois nós éramos o melhor [time]”, narra Serginho. Um discurso tão simples, mas capaz de embargar até hoje a voz do ex-atacante. “Me emociono mesmo.” Na rodinha dos jogadores no vestiário do Alto da Glória, foi João Antônio quem tomou a palavra. “Só saio daqui em um caminhão de bombeiro”, avisou o “Mestre João”, como era carinhosamente chamado. Ele prometera o título quando foi recebido por quase dois mil torcedores na sede da Kennedy, ao lado do lateral-direito Balu, no início da temporada. Com o Coxa saindo na frente, o tão esperado “passeio” dependia de um empate. Desenhado assim por ele, Ednélson: “Serginho vai para o meio para receber a bola. Abre espaço. O lateral tenta acompanhar e eu passo. O Serginho faz um passe preciso. Domino com a esquerda já para finalizar. E chuto, na diagonal, para o gol de Luiz Henrique. Gol, gol!! Aí foi só alegria e correr para a torcida.”
E o Paraná nascia gigante.
By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: Ana Luiza Mikos (Gazeta do Povo) – Fotos: Divulgação

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